Chuva de Incertezas
E se não houver
amanhã?
Foi lançada a
sorte, e dependemos dela para continuar.
A menina piscou
seus olhos repetidamente observando a luz fria que iluminava o metrô. Já era
tarde demais para pegar qualquer meio de transporte. Ela nem lembrava o motivo
exatamente de estar ali. A brisa descia as escadas rapidamente e percorriam
todo seu corpo, causando calafrios. Ao se dar conta que estava sozinha em um
metrô de madrugada ela sentiu uma dúvida em seu coração. Dúvida jamais antes
vista, o próprio ser questionando a sua existência. A metalinguagem em ação.
Então o metrô
desapareceu em meio a tempestade de ideias e portas que surgiram na mente da
garota. Coisas totalmente novas, possibilidades novas, pensamentos novos, tudo
é possível em sua imaginação. Todas as portas estão abertas, pela primeira vez.
A sociedade não estava lhe impondo nada naquele momento, nenhuma cobrança,
nenhum dever, a sociedade naquele momento não importava par aquela garota. O
que a garota era não importa mais, não importa o que ela fazia, o que ela
achava. No momento que ela notou que existia, que ela controlava sua mente,
seus medos, anseios e preocupações mesmo que de forma inconsciente ela percebe
que realmente sua mente pode ser o maior vilão de sua vida, ou o maior herói.
Até isso quem decide é ela.
Viajando pelo
tempo em sua própria mente, visitando seus museus preferidos como costumava
fazer quando era apenas uma garotinha. Tomou seu sorvete favorito e andou pela
rua mais bela de sua cidade. Tudo isso sem sair do lugar. A única coisa fora de
sua realidade que passava em sua cabeça era como a mente é algo extraordinário.
Um conjunto de neurônios que funcionam de forma independente da vontade do ser e
que agem em completa sincronia para controlar todo um organismo maior
denominado como corpo.
A garota então
decidiu entrar pelas portas que mais a agradavam. Teve a genial ideia de marcar
seu caminho com tinta vermelha, para visitar aquelas portas mais tarde. E foi
avançando pela porta da arte, depois a porta da literatura. Logo após mudou de
seção e avançou pelo autoconhecimento, a psicologia e a também a ginástica.
Avançou pelos
sentimentos, amor, carinho, compaixão, perdão, inveja, raiva, desprezo,
ganância. Ela passeou por sua própria consciência, observando todos os aspectos
de sua mente e como tudo poderia ser controlado pelo simples exercício da
mente. Até que o medo de ser insuficiente quebrou seu equilíbrio e tirou ela de
seu foco.
Estava de volta
ao metrô, novamente sentia frio e medo. Perdida novamente na realidade, mas
quebrada psicologicamente. Tendo avançado o tempo (e ele sempre avança) os
primeiros passageiros foram chegando. E tudo ocorria naturalmente, o sistema e
a rotina independiam das pessoas que ali estavam, embora as mesmas eram
responsáveis por cumprir algum papel dentro do sistema do cotidiano que já é
ensinado do momento em que se nasce até o momento que se parte desse mundo.
Entretanto não é algo sem escapatória, pensou ela. Já que isso se iniciou em
algum momento também há de ter fim. Então a menina começou a viver de maneira
totalmente independente da opinião da sociedade. Se vestia como queria, sem se
importar com os padrões de moda. Amava seu corpo do jeito que era. Vivia,
sorria e chorava da maneira que bem entendesse. Sentia que sua vida estava bem
mais satisfatória dessa maneira. E então ela se sentiu na obrigação de mostrar
esse modo de vida para mais pessoas. Porém ao contrário do que ela imaginava,
suas reações não foram nem um pouco positivas. E então ela se sentiu desolada,
sozinha em meio a uma multidão de pessoas que faziam de tudo para se encaixar
em algum grupo social. A menina continuou seguindo sua jornada. E você?
Já parou pra
pensar nas portas que irá abrir? No que vai se dedicar?
Não precisa ter
pressa, não irá obter as respostas rapidamente. Mas não deixe para iniciar a
busca amanhã, nem sabemos se o amanhã irá chegar...
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