Monólogos: Paradoxo
Ansiedade. O pontapé inicial se resume a isso.
Escrever um texto talvez exija de mim uma atitude similar a pintar uma parede. Já passei pela primeira mão, mas ainda vejo que há muitas falhas que gostaria de extinguir. Jamais me darei ao luxo de dizer que um texto conseguiu seu potencial máximo, isso seria limitar o que ele nunca foi porém teve a capacidade de ser.
Se a arte não realmente me significa nada além de um mero e puro prazer, todo o discurso contrário a busca irracional da felicidade cai por terra, já que quero manter essa excitação enquanto jogo palavras em meio a uma tela em branco.
Esquece isso tudo. O que era para ser narrado hoje era sobre uma pedra.
Uma enorme, chamada de maneira comum de montanha. Havia uma pessoa acima, de maneira autoritária e de cara franzida, carregando uma grande tábua de madeira e gritando para uma enorme multidão dezenas de palavras cheias de ordenanças e imposições para existir de maneira plena.
De que vale ganhar um mundo inteiro em troca de perder sua própria alma? Isso é irracional meus amigos! E cá estou aqui para vos dizer, que nos tornemos a ser um só. Uma única existência que flui de maneira harmônica e continua a natureza.
Se todos fossem um, nada haveria senão apenas a própria coisa. Sentimentos e sensações não seriam entendidas por não haver uma consciência. O pensamento foi abolido. É proibido ter um corpo, é proibido se sentir enquanto ser. Ou este homem é a nossa salvação ou então é o maior tolo de todos os tempos.
A sociedade atual vende isso para você. Pode ser o que quiser, pode ser livre, pode fazer algo grandioso. Mas a esmagadora maioria das pessoas existe de mansinho, e não há nada de errado nisso! Assim como uma criança tem o potencial para ser médico, astronauta e músico, pode ser uma pessoa que não se sente presa a ideias que limitam a existência. Encaro as vezes tudo ao meu redor como mera ilusão e vejo meu corpo como uma mera ferramenta para enxergar as coisas, e tá tudo bem.
Então, quem somos nós?
Temos grandes tendências a ser um paradoxo. Somos o homem no topo e a multidão. A cultura do gado que aceita tudo aquilo que lhe é imposto e ao mesmo tempo assume uma postura autoritária que exige o direito de decidir as regras de como deve-se viver.
No momento do reconhecimento da nossa condição de ser finito, que possui inúmeras capacidades de fazer (seja para o nosso bem ou não), notamos que não há uma facilidade em se dizer quem é. Ao contrário de grandes nomes idealizados, de grandes conquistadores a pessoas de capacidade elevadas que geraram uma transformação que nos trouxe até aqui somos apenas um pequeno nascimento no universo. Um milagre em forma mirim, onde absorve tudo ao redor e está sempre se questionando sobre o significado de tudo.
Somos então aquilo que nos impõem e apresentam a nós? Muito pelo contrário, quando se há uma imposição de algo a tendência é se rebelar e contradizer. Seria muito mais coerente se dizer um revolucionário a ser ortodoxo. A própria história da humanidade se leva por esse caminho. A constante mudança e as revoluções que geram cada vez mais intrigas, questionamentos e mais pessoas.
Tudo isso é muito mais complicado que a promessa de uma grande união em prol de uma causa maior. Por quê o fim deve ser sempre em uma coisa além do homem? E assim como ficamos perplexos de como as pessoas são influenciadas em filmes ou livros a dizerem certas coisas só pela influência de pessoas que repetem aquilo por demasiado tempo assim é também conosco. A ideia de não haver um fim benevolente independente de sua conduta ou crença é de fato algo assustador.
Vou repetir. A moda nos dita, nós copiamos. A rede social nos apresenta, nós cobiçamos. Jamais criamos, apenas nos damos por inteiro as coisas que são apresentadas. Quanto mais reativos melhor é para o padrão atual da vida. Assim como a falta de autoestima gera uma quantidade enorme de lucro para pessoas que ditam os padrões de um corpo perfeito, ou então aumentam as receitas de uma farmácia que vende antidepressivos e também impulsiona a indústria pornográfica, as ideias têm sido cada vez mais distribuídas apenas como catálogo. Você escolhe o tipo de ideia que você julga correto e limita seu campo de visão, sem muitos aprimoramentos e quase nenhum questionamento sobre o porquê daquela conveniência realmente representar a verdade sobre o mundo.
Assim como a criança que cresceu e escolheu uma carreira fechou as possibilidades e transformou uma só em ato, foi também o que as ideias no mundo contemporâneo se tornaram. Uma limitação acerca da existência.
Não precisa criar, nós faremos para você! E em larga escala! E tenho certeza que você e muitas pessoas irão se identificar, nós fazemos os algoritmos e manipulamos os seus próprios gostos! Sabe aquilo que você considera belo? Nós o tornamos para você, assim como para seus pais e avós! Nem precisamos mais influenciar diretamente, a própria sociedade já propaga nossos valores inconscientemente! Muito similar a ideia de beleza universal proposta por Kant, onde a subjetividade não é algo do indivíduo, mas sim de toda a sociedade que avalia a mesma coisa como bela.
Ao retornar para a pedra, vejo homens cansados e que sentiram conforto nas palavras do ermitão. Mas vejo também alguém que questionou se aquilo era o melhor para ela (em total silêncio).
Talvez decidir romper com o já estabelecido seja demasiadamente radical, mas ninguém muda o rumo de algo sem abandonar partes antigas. Somos finitos, somos mais que carne e osso, somos arte, alma, poesia, insensatez.
Eu crio não só pelo prazer de criar, não faço a escrita somente pela escrita. Não sinto prazer a todo momento que aperto uma tecla e crio uma oração. Eu o faço pela necessidade, pelo sentimento de que isso aprimora a minha existência e dá em alguma escala algum significado para ela.
Não pretendo ser original em nada que foi ou será dito. Não crio coisas totalmente autenticas, sou um misto de tudo aquilo que vejo e faço.
No final do dia, sou humano como você.
Escrever um texto talvez exija de mim uma atitude similar a pintar uma parede. Já passei pela primeira mão, mas ainda vejo que há muitas falhas que gostaria de extinguir. Jamais me darei ao luxo de dizer que um texto conseguiu seu potencial máximo, isso seria limitar o que ele nunca foi porém teve a capacidade de ser.
Se a arte não realmente me significa nada além de um mero e puro prazer, todo o discurso contrário a busca irracional da felicidade cai por terra, já que quero manter essa excitação enquanto jogo palavras em meio a uma tela em branco.
Esquece isso tudo. O que era para ser narrado hoje era sobre uma pedra.
Uma enorme, chamada de maneira comum de montanha. Havia uma pessoa acima, de maneira autoritária e de cara franzida, carregando uma grande tábua de madeira e gritando para uma enorme multidão dezenas de palavras cheias de ordenanças e imposições para existir de maneira plena.
De que vale ganhar um mundo inteiro em troca de perder sua própria alma? Isso é irracional meus amigos! E cá estou aqui para vos dizer, que nos tornemos a ser um só. Uma única existência que flui de maneira harmônica e continua a natureza.
Se todos fossem um, nada haveria senão apenas a própria coisa. Sentimentos e sensações não seriam entendidas por não haver uma consciência. O pensamento foi abolido. É proibido ter um corpo, é proibido se sentir enquanto ser. Ou este homem é a nossa salvação ou então é o maior tolo de todos os tempos.
A sociedade atual vende isso para você. Pode ser o que quiser, pode ser livre, pode fazer algo grandioso. Mas a esmagadora maioria das pessoas existe de mansinho, e não há nada de errado nisso! Assim como uma criança tem o potencial para ser médico, astronauta e músico, pode ser uma pessoa que não se sente presa a ideias que limitam a existência. Encaro as vezes tudo ao meu redor como mera ilusão e vejo meu corpo como uma mera ferramenta para enxergar as coisas, e tá tudo bem.
Então, quem somos nós?
Temos grandes tendências a ser um paradoxo. Somos o homem no topo e a multidão. A cultura do gado que aceita tudo aquilo que lhe é imposto e ao mesmo tempo assume uma postura autoritária que exige o direito de decidir as regras de como deve-se viver.
No momento do reconhecimento da nossa condição de ser finito, que possui inúmeras capacidades de fazer (seja para o nosso bem ou não), notamos que não há uma facilidade em se dizer quem é. Ao contrário de grandes nomes idealizados, de grandes conquistadores a pessoas de capacidade elevadas que geraram uma transformação que nos trouxe até aqui somos apenas um pequeno nascimento no universo. Um milagre em forma mirim, onde absorve tudo ao redor e está sempre se questionando sobre o significado de tudo.
Somos então aquilo que nos impõem e apresentam a nós? Muito pelo contrário, quando se há uma imposição de algo a tendência é se rebelar e contradizer. Seria muito mais coerente se dizer um revolucionário a ser ortodoxo. A própria história da humanidade se leva por esse caminho. A constante mudança e as revoluções que geram cada vez mais intrigas, questionamentos e mais pessoas.
Tudo isso é muito mais complicado que a promessa de uma grande união em prol de uma causa maior. Por quê o fim deve ser sempre em uma coisa além do homem? E assim como ficamos perplexos de como as pessoas são influenciadas em filmes ou livros a dizerem certas coisas só pela influência de pessoas que repetem aquilo por demasiado tempo assim é também conosco. A ideia de não haver um fim benevolente independente de sua conduta ou crença é de fato algo assustador.
Vou repetir. A moda nos dita, nós copiamos. A rede social nos apresenta, nós cobiçamos. Jamais criamos, apenas nos damos por inteiro as coisas que são apresentadas. Quanto mais reativos melhor é para o padrão atual da vida. Assim como a falta de autoestima gera uma quantidade enorme de lucro para pessoas que ditam os padrões de um corpo perfeito, ou então aumentam as receitas de uma farmácia que vende antidepressivos e também impulsiona a indústria pornográfica, as ideias têm sido cada vez mais distribuídas apenas como catálogo. Você escolhe o tipo de ideia que você julga correto e limita seu campo de visão, sem muitos aprimoramentos e quase nenhum questionamento sobre o porquê daquela conveniência realmente representar a verdade sobre o mundo.
Assim como a criança que cresceu e escolheu uma carreira fechou as possibilidades e transformou uma só em ato, foi também o que as ideias no mundo contemporâneo se tornaram. Uma limitação acerca da existência.
Não precisa criar, nós faremos para você! E em larga escala! E tenho certeza que você e muitas pessoas irão se identificar, nós fazemos os algoritmos e manipulamos os seus próprios gostos! Sabe aquilo que você considera belo? Nós o tornamos para você, assim como para seus pais e avós! Nem precisamos mais influenciar diretamente, a própria sociedade já propaga nossos valores inconscientemente! Muito similar a ideia de beleza universal proposta por Kant, onde a subjetividade não é algo do indivíduo, mas sim de toda a sociedade que avalia a mesma coisa como bela.
Ao retornar para a pedra, vejo homens cansados e que sentiram conforto nas palavras do ermitão. Mas vejo também alguém que questionou se aquilo era o melhor para ela (em total silêncio).
Talvez decidir romper com o já estabelecido seja demasiadamente radical, mas ninguém muda o rumo de algo sem abandonar partes antigas. Somos finitos, somos mais que carne e osso, somos arte, alma, poesia, insensatez.
Eu crio não só pelo prazer de criar, não faço a escrita somente pela escrita. Não sinto prazer a todo momento que aperto uma tecla e crio uma oração. Eu o faço pela necessidade, pelo sentimento de que isso aprimora a minha existência e dá em alguma escala algum significado para ela.
Não pretendo ser original em nada que foi ou será dito. Não crio coisas totalmente autenticas, sou um misto de tudo aquilo que vejo e faço.
No final do dia, sou humano como você.
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