Sobre a Solidão

É no mínimo curioso entender como o tempo nos afeta, de maneira subjetiva óbvio, mas é de se pensar como vemos o tempo diferente nessa quarentena. O tempo não é sentido no avançar do ponteiro velho de um relógio já sujo de poeira pelo vento, também não é observado pela tela de bloqueio do celular enquanto se espera um ônibus. Então sentimos o tempo pela ansiedade, de um encontro para com um amor, do final do expediente, do entregador de pizza...

Similar a persistência da memória, vai tudo ruindo, derretendo, deixando de ser lentamente. É a solidão que toca a tudo e a todos em todas as eras da humanidade. Ser só é algo inerentemente humano, e evitar falar sobre também.

Existe a mania de atribuir a solidão apenas a sociedade moderna, afinal tudo é líquido, tudo é livre e flui tão rapidamente que apenas nós sofremos desse male. Mas a grande diferença entre a sociedade moderna de produção e as outras é só a quantidade de ruído, seja um livro, série, festa, música, bebida. Todos são complementos para evitar-se estar só, e também o principal; jamais afirmar tal solidão. A cultura é o limite dessa borda, onde se diz indiretamente o que mais se sente.

O ruído sempre esteve lá, nos heróis trágicos gregos, na tragédia de dante, no prometheus moderno de frankestein. Tudo sempre é sobre solidão, principalmente aquilo que diz sobre se conectar com o outro, assim como tudo que é pautado nas relações sociais.

Ninguém sabe estar sozinho, ninguém aguenta ser sozinho, por isso a saída é sempre se preencher com tudo, por quê ninguém basta a si mesmo.

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