Pessoas e Personas, Arte e Realidade

Ficção e a realidade se encontram de formas muito distintas, muitas das vezes se tornando até clichês em filmes, livros, jogos e séries... A clássica frase, ''a arte imita a vida ou seria o contrário?'' já é algo tão corriqueiro que já se espera das obras ficcionais que possuem uma intenção de representar a realidade uma semelhança quase inconfundível, onde as personagens são mais que um mecanismo para a história prosseguir, elas se tornam a parte primária desse ciclo, muita das vezes terminando em um ponto diferente daquele que começou. Mas seria isso algo realista?

Mais cedo estava estudando um pouco mais sobre estruturas narrativas, que possuem origens na estruturação proposta por Aristóteles a dois mil e trezentos anos atrás, mas que continuam pautando a maneira de se enxergar uma história até os dias atuais, que consiste em três etapas, inicio, desenvolvimento e conclusão. Estrutura essa que muito provavelmente será reconhecida nesse texto, de maneira intencional, já que muita das vezes se tornou uma fórmula muito criticada nos meios de entretenimento, principalmente por ser muito repetitiva.

O quê as obras pós-modernas mais prestigiadas fizeram foi alternar muitos desses padrões, como inverter a ordem destes três estados da narrativa e até inserir múltiplos inícios, meios e finais durante a obra, gerando assim uma diversidade maior para a estrutura. Da mesma forma, os personagens se tornarem o foco também implica que esse processo também irá afetá-los tal qual a trama de fundo. E tudo bem, as artes controversas são sempre as mais importantes.

O problema que realmente quero apontar é a necessidade da mudança e um arco narrativo comparado a realidade, é muito mais objetivo pela necessidade de um autor inventando tudo aquilo, logo sempre há um grande paradigma a ser quebrado, superado, vencido, conquistado, mudado, transformado. Todas essas palavras podem ser moldadas para serem os verbos que conduzem a história daquele personagem, que começa em um ponto A e termina em um ponto B.

Mas na realidade nunca existe esses pontos, assim como muita das vezes não existe tal transformação, o ser continua agoniado e apressado em sua existência, sempre correndo contra o tempo, em um caráter emergencial e imerso em um grande sofrimento. Nada muda, apenas se fecha, esconde, deixa para lá. Não são os grandes eventos que os moldam, mas sim o cotidiano, muito pouco explorado muita das vezes nas expressões artísticas.

Por quê a semelhança também é a diferença? Por quê a vida é separada em três etapas também?

Montanha russa de emoções que não tem um propósito maior para sobreviver, é como uma perspectiva existencialista feita de maneira inconsciente, sabe-se que não tem um objetivo, apenas não consegue evidenciá-lo no dia a dia, de maneira que acaba transformado no sonho de um cotidiano melhor. Afinal, o sonho de um povo que queria ter uma vida feliz e pontual, enquanto procura sempre a diferença na arte. ''Espero que eu possa ficar tranquilo pra consumir coisas sempre a se reiventar...''

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