A Fraqueza do Homem

 Dia das bruxas, trinta e um de outubro de um fatídico ano, em tese só para os homo sapiens viventes no terceiro planeta do sistema solar. Antes fosse esse o maior problema, já que qualquer problema biológico seria facilmente resolvido se houvesse uma ética universal, como propôs Kant. Mas o ponto é até anterior a isso, já que mesmo entre essa briga que quase não se pode dizer contemporânea, entre o utilitarismo e a deontologia, sumiu faz décadas, o que restou foi então um dilema entre individualismo x coletivismo. E o que pode ser compreendido como primeiro um problema político, talvez possa se originar na consciência, ou na ausência dessa.

Apesar dessas divagações, o importante é que mesmo um mundo utilitário resolveria facilmente um problema de um vírus, já que garantir o maior número de pessoas felizes é mais desejado que a felicidade individual ou de um pequeno grupo, que não se dispõe a sacrificar-se pelos outros. Embora eu mesmo ache que é um tipo de moral rasa. 

Mesmo encontrando pontos a favor de ambas as correntes, eu mesmo não amo a moral e nem penso em aderir a nenhum código pra mim porém, algo de interessante nisso se dá no problema dos decadents em Nietzsche.

''(...) – o homem é um fim – mas que tipo de homem deve ser criado, que tipo deve ser pretendido como sendo o mais valioso, o mais digno de viver, a garantia mais segura do futuro.(...)''  O Anticristo. 

Um grande problema é essa virtude dos tais melhoradores da sociedade, que impõe sua moral para todos os homens e que deve ser exaltada e seguida, alguns chamariam de religião, outros de ideologia.

O que é um homem moral senão um corruptor da natureza humana? Aquele que busca modificar o estado de natureza, seja do homem bom de Rosseau, ou do lobo do homem de Hobbes.

Tudo se transforma, mas nem tudo evolui, por quê?

O capitalismo informacional hoje é o sistema que domina a raça humana, se impõe sobre ela e exige que todos se adequem da maneira que são ordenados.

Ainda se diz por ai que a dor pode ser usada como método de aprendizado, que o mundo sairá dessa mais sensível, exceto pelo fato da normalização da barbárie, o primitivo que não deixou de respirar.

Como na análise do discurso de Foucault, existem três objetos de repressão, um é o tabu do assunto, o outro sobre quem está falando, e por último para quem se fala. Assim como não se pode falar tudo que pensa, não se pode nem mesmo querer pensar tudo o que pensa, já que, como na religião ou na ideologia existem premissas irrepreensíveis, e toda dúvida é bem vista desde que não violando as regras primeiras.

O que sobra então? Um homem fraco, controlado pelo seu meio, com pouca individualidade, pensa igual, almeja igual - um carro, uma casa, uma família. - O tal do sucesso material. Tudo se satisfaz por meio do trabalho. 

Então o que resta é negar essa vida, como diz sua contraparte, desista! Desista, para então obter vida eterna! E o que raios farei com isso? Eternidade necessariamente implica ausência de mudança, o pouco de prazer que pode-se ter. O destino é cruel, a humanidade se encontra imersa nesse dilema infinito.


 

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