Resenha e confissão
Escrever exige um momento de desprendimento caótico e libertador da linguagem cotidiana. É como o momento de aquecimento físico para o atleta, mas que na escrita exige do cérebro que ative e reorganize seus neurônios, para uma sensação ser abstraída da realidade e transformar-se em palavras!
O amor é tudo isso como sempre foi. Não basta negar suas origens e suas limitações, especialmente seus moldes na modernidade, há sempre uma variedade de formas múltiplas e infinitas. É sempre um objetivo inalcançável e perfeito, assim como um horizonte de um mar visto pela primeira vez, em seu deslumbre incondicional! Sempre real e precioso.
Uma alienação profunda do cotidiano torna tudo extremamente repetitivo e banal, além de insosso e pouco criativo. Vem sempre acompanhada de umas doses de cinismo que se impõe a nós de maneira física. Ora, há sim a fome e a dor, e as contas e o banco central, e o dia de amanhã e a família, e o legado e o sentido.
Mas as conversas tão sem propósito e sentido no espaço, parece que realmente abaixar a cabeça é sempre a resposta certa. O totalitarismo vem sempre de forma dialética: entre obrigações e prazeres, mas que nunca se encerram em si mesmos.
Suas demandas exaustivas e coerentes estão percorrendo todos os pensamentos, e em cada década surge um maldito novo problema! Estar consciente e ser autêntico não coloca comida na mesa nem resolve as neuroses intrínsecas ao sujeito, mas definitivamente são boas justificativas ao lado do amor e da arte. Encerram-se em um espiral de melancolia e dor, como sempre estão propensos a se negar à própria vontade de viver e destruir-se mutuamente. Sempre é um mergulho no abismo que vem da relação com o outro, cheio de mecanismos na fala, cheio de tiques e manias que sempre estão se colocando como muros de pedra intransponíveis. As cartas não são tão diferentes, apesar de possuírem a liberdade de serem produzidas sozinhas, só com uma noção ou esperança de uma resposta do outro.
Há um risco constante e necessário em viver, mas para não somente manter-se em ideias fixas ou em passagens de moda da idade, mas sim construir-se como um sujeito autêntico que existe e busca sua própria essência. Me lembro de uma amiga que não converso há meses me dizendo que seu principal objetivo na vida era construir laços, mesmo que não fossem duradouros ou que fossem encerrados em notas melancólicas. Na época eu ri, e como um bom adolescente não me recordo de minhas respostas. Mas hoje essa noção me é certa como uma expressão algébrica, ou um tiro lançado ao coração. No amor há realmente algo de mágico, Celine e Jesse.
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