A guerra entre os sexos

 A tensão entre os sexos fora do contexto social e político. É alienada, surrealista e vinda de um jornalista que traiu seu lado (relatando com algum grau de neutralidade). Não quer exposição ou aplausos, é uma peça artística e deve ser vista como tal, o que não justifica também forma alguma de preconceito. Dito isto, comecemos.


O amor só se mantém quando algo misterioso acontece.


    Estamos em oposição cultural e histórica. O que deveríamos fazer então? Há sempre o medo do incompreensível. Resumimos o outro somente aos seus desejos. Mulheres e homens visam ser compreendidos, mas há uma barreira intransponível. 


De forma alegórica, serão ouvidas duas vozes fictícias em processo de análise dos próprios sentimentos.


Queremos atribuir algum sentido, mas sempre em linguagens diferentes. O silêncio entre homens e mulheres se dá por motivos divergentes. Sempre há uma solidão e necessidade de ser ouvida, mas sempre pareço estar em segundo plano, o homem só precisa de uma companheira e não quer intimidade de verdade. Ele tem seus hobbies, sonhos, carreira, vida. O sexo e a mulher são só complementos…

(Feminino)


Quero intimidade mas não sei como pedir, na verdade sempre finjo ou minto que sou perfeito, que gosto de coisas que jamais suportaria, sempre digo mentiras pois sei que as mulheres gostam, elas sempre idealizam o homem e não dão conta de qualquer atitude além do padrão.

(Masculino) 


Insatisfeita, cansada de sua condição atual e artificial. Os falsos dias felizes, sempre fingindo que estava gostando do sexo. Sempre era conquistada por promessas e atitudes, um outro alguém sendo proativo para ser bom comigo! Imagine ser tão bem quista assim. Mas sempre há frieza e o desprezo de um homem, sempre que consegue o que quer se torna frio e infeliz, e arrasta ela pro buraco.

(Feminino)


Dominação e protagonismo, sempre separando a vida conjugal da vida íntima, sempre trocando ideias e querendo ser o mais forte, o melhor, o centro de todas as atenções. Ele quer ser amado ou apenas admirado? Como se pode alcançar os céus sem sinceridade e companheirismo? Seus problemas são sempre teóricos e particulares, e só pensa em soluções práticas que o beneficiem. O homem nunca pensa que é o errado da relação.

(Masculino)


O tempo corre em duas direções diferentes, e a mulher não se sente mais parte da relação. Não era ouvida, nem desejada. De que servia aquele homem? Esse tempo fazia com que o apego e o amor se tornassem apenas visões do passado. Esgotamento total.

(Feminino)


Ela não precisa de companhia ou sujeitar-se a sentimentos repetitivos. Pode partir com suas coisas e refazer-se de novas maneiras. A gentileza inicial já esteve mais próxima e relevante, mas toda vez que eles conversam agora há medo e angústia nas falas. Insegurança sobre os próprios sentimentos.

(Feminino)


Por que os conflitos devem sempre ser definidos pela mulher? Como se as ausências e necessidades só estivessem sendo comunicadas por um dos lados. Ele se sente incompreendido e já não fala nada. Acha que qualquer novidade no diagnóstico do relacionamento seria motivo para o término. Não tem mais importância, o amor, a vida conjugal, a felicidade pessoal. Há trabalho para fazer, bebida para beber, talvez seja melhor ficar quieto e levar do jeito que dá.

(Masculino)


Manter o estado de tensão, para que serve a conquista no amor? O que se ganha apesar de tudo? O desejo de conexão e afeto, mas que sempre vem com rotina e monotonia. Sempre há algo de inexplicável.

(Masculino)


Qualquer interesse visual é pouco significativo e passageiro. Mas é o suficiente para manter um homem interessado até ser correspondido.

Sempre entre observações corporais que nunca se justificam. O homem repete demais os próprios prazeres, quer tudo igual e se acha incrível por isso. Eles acham que apatia e estabilidade são as mesmas coisas.

(Feminino)


Infeliz vontade que não se satisfaz com qualquer corpo. O desejo entre homens e mulheres é sempre diferente, A fome voraz e obsessiva do início é sempre trocada por uma rotina infeliz. 

(Feminino)


Não há momentos de satisfação psicológica e biológica simultânea em qualquer estágio da relação. Como ser movido por impulsos de libido que são ensinados na cultura, nos filmes, no pornô, na literatura e no toque de um amor… 

(Masculino)


O culto do corpo e alma, são temas centrais do amor. A cumplicidade é sempre associada à amizade. Mesmo em uma relação afetiva, esse benefício nunca é qualidade do amor. Converso coisas com meus amigos que jamais confessaria a uma companheira. Eu a enxergo como uma igual? 

(Masculino)


Projetar o ideal de amor e relação é sempre sintoma de falta de contato e conexão com pessoas reais. Os espaços vazios são preenchidos por lacunas de sonhos e expectativas. Só servem para frustrar qualquer um.

(Feminino)


O tempo atrapalha cada vez mais, ou tudo pega fogo e apaga logo em seguida ou então há uma frieza e falta de interesse que nunca vai construir qualquer tipo de laço duradouro. Parece que existe um fator de sorte extremamente importante.

(Feminino)


Os homens não mantêm o mistério por não ser algo instantâneo. Seu prazer é feito para ser degustado e manter-se ativo por anos. O homem negou conhecer a mulher e perdeu o interesse em arriscar. Acostuma com o que tem, mesmo em amores mornos e insatisfatórios. Consumir o desejo desenfreadamente não é solução para viver pelo outro.

(Masculino)


Assumir responsabilidades de ser e agir, o tempo do homem é sempre o agora. No amor, no sexo, nos beijos, nas brigas, na intensidade, na pressa, no luto. Sempre correndo contra um tempo invisível!

(Masculino)



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