A sociedade cinza
Em uma sociedade cinza, com pessoas cinzas em um bairro cinza nasceu Max, um menino cinza.
Seus pais também eram cinzas e cumpriam seu propósito na terra; nascer, estudar, trabalhar e procriar. Além de apresentar o sistema de modelo cinza, onde não se tem nem registro do último conflito de grande escala.
Max nasceu disléxico e com TDAH, culpa de sua mãe que esqueceu de tomar os remédios cinzas para manter a perfeição do bebê em período de gestação. Ele sempre teve muita dificuldade de se enturmar com as crianças que só queriam brincar e estudar. Sempre perguntava para sua mãe por quê todos eram cinzas e ela o repreendia. Somos o que somos ora! – Dizia sua mãe
Não conseguia aprender as doutrinas que eram ensinadas para as crianças, que ensinava que as coisas eram o que eram e não havia contestação. Ele também não aprendia a história cinza nem o modo de se relacionar cinza. Já um pouco mais velho, Max se olhou no espelho e viu que seu peito não estava cinza como o resto do seu corpo. Seu tórax estava todo em vermelho vivo. Ele escondeu esse fato de todos.
Após ser expulso de três escolas por falta de comportamento e o desrespeito as doutrinas cinzas, ele foi transferido para uma escola militar cinza, onde apenas os melhores e mais dedicados alunos podiam entrar.
Lá sua vida era totalmente diferente, o desrespeito era punido com agressões físicas e ameaças verbais. E ele sentia que isso era errado.
Na sociedade cinza as crianças permaneciam o dia todo na aula, na parte da tarde eram alocadas em grupos sociais de forma alocada pelo governo. Alguns faziam arte, outra música, outros esportes, e alguns simplesmente apenas pensavam em festas e comemorações.
No período da adolescência, Max permaneceu mais intrigado ainda. Todas as aulas ele questionava as pessoas e as coisas e não recebia resposta alguma.
Questionou o grupo de festas.
Você gosta de sair, curtir todo fim de semana bebendo e voltar para cá na segunda feira? O menino foi indiferente em sua resposta
Eu tenho que gostar, é isso o que eu faço da vida.
Você não pode mudar de grupo para algum que condiz, mas com quem você é?
Pare de dizer bobagens seu fracassado, não existe essa de mudar de grupo. Somos o que somos.
Max era bem solitário, não foi encaixado em nenhum grupo e passava a maior parte do tempo se questionando...
O resto das pessoas que estavam em grupos seguiam as ordens de um líder, que era a verdade absoluta em suas vidas. Não existia qualquer chance de questionamento por parte delas. E Max sabia disso.
Se o seu líder mandar você pular de uma ponte pois será divertido, você o faria?
E por que não? Ele sempre nos dá as melhores ordens. Eu quero ser como ele um dia!
Max então concluiu que as pessoas ao seu redor eram completamente estúpidas e sem senso crítico algum. Até o dia que ele conheceu Jennifer.
Era um dia comum de aula, ele estava no refeitório sozinho como de costume e então a garota da outra sala sentou-se perto de Max. Ela aparentemente parecia cinza, puxando assunto sobre coisas cinzas. Entretanto quando Max perguntou o que ela gostaria de ser ou fazer no futuro ela mostrou algo diferente dos outros.
Sinceramente, eu não conto isso pra ninguém. Mas eu não faço ideia, não gostaria de ficar presa em um escritório ou uma fábrica. Mas a vida é o que é.
Ele sentiu que havia um sentimento diferente naquela menina, e começou a incentivar o pensamento sobre esse tipo de mentalidade nela.
As coisas não precisam ser o que elas são! Quem vai te obrigar a trabalhar? Pra quê trabalhar uma vida toda e depois morrer?
Jennifer se encantou com a forma de falar de Max, e eles descobriram que moravam perto. A partir desse dia eles sempre iam juntos para casa. E ao caminho conversavam bastante sobre tudo.
É o que mais me aflige. Por que as pessoas fazem aquilo que mandam elas fazerem? Por que repetir as ações do seu líder e seus companheiros de grupo? Qual o sentido de viver essa vida sem propósito, sem perdas, sem ganhos, sem alegrias nem decepções? Isso não é viver!
Cada vez mais um sentimento de questionamento entrava no coração de Jennifer, e quando ela chegou em sua casa cinza e foi tomar seu banho, reparou que suas mãos estavam amarelas. Ela precisava esconder isso de alguma forma e, começou a usar luvas para ir à escola.
Max estava decidido a largar a escola, essa vida simples e fútil estava cansando ele. Pessoas faziam coisas sem propósito o tempo todo, não pensavam por si próprias, apenas repetiam o que lhes era dito.
Em um dia cinza de um mês cinza, ele foi até a praça e começou a levar cartazes questionando as pessoas. Alguns ficavam raivosos dizendo que ele era um covarde imprestável que não servia para nada, e que a vida não poderia ser mudada assim.
Certa vez um rapaz triste passou por ele e disse: ‘’estou triste’’
Max então se identificou com a causa do jovem rapaz e lhe perguntou, por quê está triste?
O menino simplesmente disse que não sabia, e que a vida era simplesmente triste e não havia nada para mudar aquilo.
Max continuou ficando mais vermelho, até que seu corpo todo deixou de ser cinza. Ele falava apenas por si mesmo de forma individual agora.
Jennifer o acompanhou, e juntos foram andando pelas praças da cidade cinza ganhando cada vez mais influência e revoltando as pessoas que ouviam suas palavras.
Após alguns meses centenas de pessoas possuíam cores, de tipos variados. O amarelo de Jennifer representava a sua coragem e doçura. O vermelho de Max mostrava a determinação e seu orgulho.
Houve então muita repercussão e alguns queriam que esses líderes revolucionários como eram chamados, fossem presos e exilados da sociedade. Mesmo com a repressão policial e de alguns defensores da vida cinza, as multidões apenas cresciam em quantidade e em variedade de cores. Muitos largaram a escola e decidiram procurar sua própria razão pra ver e entender as coisas ao seu redor. Max e Jennifer passaram a formar uma liderança para aquela cidade e partiram para outras localidades cinzas, onde cada vez mais e mais geravam um movimento de insatisfação e revolta no povo.
O Presidente daquele país cinza era conhecido apenas por sua voz, e em todas suas apresentações ele dizia: A vida é o que é. Ele ficou sabendo dessa revolta das cores e rapidamente solicitou a captura de Max e Jennifer, quando capturados foram questionados sobre quem era o iniciador do movimento Max logo assumiu toda a culpa, e executaram Jennifer em praça pública para a demonstração de poder absoluto cinza.
Apesar disso, a reação do povo foi a inversa da que eles esperavam. Cada vez mais pessoas pensavam de maneira única e individual, e entenderam que cada um pode ser o que quiser, pensar o que quiser e sempre ter o direito de liberdade de expressão.
Max foi levado ao prédio cinza central do país, onde foi colocado em uma cadeira em uma grande sala cinza, onde havia diversos arquivos nas paredes e laterais e no meio havia uma mesa e uma cadeira acolchoada e bem grande cinza de frente para a vista da capital.
-Por que você fez isso? – Questionou o homem
Max reconheceu que era a voz do presidente, e então se encheu de raiva.
Fiz pois queria minha liberdade! – Gritou de volta, e quando não foi respondido continuou – Você é um inútil! Qual o sentido de controlar todos para ter essa uniformidade e falta de individualidade? Por que você quer todas as pessoas iguais? Isso é ridículo!
-Não temos mais morte, nem guerras, nem conflitos, todos estão felizes dessa maneira. –
Respondeu friamente o presidente.
Eu não estou feliz! NEM UM POUCO! Se o preço da paz for a liberdade eu prefiro viver em um mundo caótico! Me diga por que você controla todos? Qual o sentido dessa transformação que continua por anos e anos?
Não fui eu que comecei, o presidente sempre foi uma voz. Mas todos tinham uma coisa em comum.
O presidente virou sua cadeira e então Max o viu.
Ele não era cinza como os outros. Era totalmente preto.
Seus pais também eram cinzas e cumpriam seu propósito na terra; nascer, estudar, trabalhar e procriar. Além de apresentar o sistema de modelo cinza, onde não se tem nem registro do último conflito de grande escala.
Max nasceu disléxico e com TDAH, culpa de sua mãe que esqueceu de tomar os remédios cinzas para manter a perfeição do bebê em período de gestação. Ele sempre teve muita dificuldade de se enturmar com as crianças que só queriam brincar e estudar. Sempre perguntava para sua mãe por quê todos eram cinzas e ela o repreendia. Somos o que somos ora! – Dizia sua mãe
Não conseguia aprender as doutrinas que eram ensinadas para as crianças, que ensinava que as coisas eram o que eram e não havia contestação. Ele também não aprendia a história cinza nem o modo de se relacionar cinza. Já um pouco mais velho, Max se olhou no espelho e viu que seu peito não estava cinza como o resto do seu corpo. Seu tórax estava todo em vermelho vivo. Ele escondeu esse fato de todos.
Após ser expulso de três escolas por falta de comportamento e o desrespeito as doutrinas cinzas, ele foi transferido para uma escola militar cinza, onde apenas os melhores e mais dedicados alunos podiam entrar.
Lá sua vida era totalmente diferente, o desrespeito era punido com agressões físicas e ameaças verbais. E ele sentia que isso era errado.
Na sociedade cinza as crianças permaneciam o dia todo na aula, na parte da tarde eram alocadas em grupos sociais de forma alocada pelo governo. Alguns faziam arte, outra música, outros esportes, e alguns simplesmente apenas pensavam em festas e comemorações.
No período da adolescência, Max permaneceu mais intrigado ainda. Todas as aulas ele questionava as pessoas e as coisas e não recebia resposta alguma.
Questionou o grupo de festas.
Você gosta de sair, curtir todo fim de semana bebendo e voltar para cá na segunda feira? O menino foi indiferente em sua resposta
Eu tenho que gostar, é isso o que eu faço da vida.
Você não pode mudar de grupo para algum que condiz, mas com quem você é?
Pare de dizer bobagens seu fracassado, não existe essa de mudar de grupo. Somos o que somos.
Max era bem solitário, não foi encaixado em nenhum grupo e passava a maior parte do tempo se questionando...
O resto das pessoas que estavam em grupos seguiam as ordens de um líder, que era a verdade absoluta em suas vidas. Não existia qualquer chance de questionamento por parte delas. E Max sabia disso.
Se o seu líder mandar você pular de uma ponte pois será divertido, você o faria?
E por que não? Ele sempre nos dá as melhores ordens. Eu quero ser como ele um dia!
Max então concluiu que as pessoas ao seu redor eram completamente estúpidas e sem senso crítico algum. Até o dia que ele conheceu Jennifer.
Era um dia comum de aula, ele estava no refeitório sozinho como de costume e então a garota da outra sala sentou-se perto de Max. Ela aparentemente parecia cinza, puxando assunto sobre coisas cinzas. Entretanto quando Max perguntou o que ela gostaria de ser ou fazer no futuro ela mostrou algo diferente dos outros.
Sinceramente, eu não conto isso pra ninguém. Mas eu não faço ideia, não gostaria de ficar presa em um escritório ou uma fábrica. Mas a vida é o que é.
Ele sentiu que havia um sentimento diferente naquela menina, e começou a incentivar o pensamento sobre esse tipo de mentalidade nela.
As coisas não precisam ser o que elas são! Quem vai te obrigar a trabalhar? Pra quê trabalhar uma vida toda e depois morrer?
Jennifer se encantou com a forma de falar de Max, e eles descobriram que moravam perto. A partir desse dia eles sempre iam juntos para casa. E ao caminho conversavam bastante sobre tudo.
É o que mais me aflige. Por que as pessoas fazem aquilo que mandam elas fazerem? Por que repetir as ações do seu líder e seus companheiros de grupo? Qual o sentido de viver essa vida sem propósito, sem perdas, sem ganhos, sem alegrias nem decepções? Isso não é viver!
Cada vez mais um sentimento de questionamento entrava no coração de Jennifer, e quando ela chegou em sua casa cinza e foi tomar seu banho, reparou que suas mãos estavam amarelas. Ela precisava esconder isso de alguma forma e, começou a usar luvas para ir à escola.
Max estava decidido a largar a escola, essa vida simples e fútil estava cansando ele. Pessoas faziam coisas sem propósito o tempo todo, não pensavam por si próprias, apenas repetiam o que lhes era dito.
Em um dia cinza de um mês cinza, ele foi até a praça e começou a levar cartazes questionando as pessoas. Alguns ficavam raivosos dizendo que ele era um covarde imprestável que não servia para nada, e que a vida não poderia ser mudada assim.
Certa vez um rapaz triste passou por ele e disse: ‘’estou triste’’
Max então se identificou com a causa do jovem rapaz e lhe perguntou, por quê está triste?
O menino simplesmente disse que não sabia, e que a vida era simplesmente triste e não havia nada para mudar aquilo.
Max continuou ficando mais vermelho, até que seu corpo todo deixou de ser cinza. Ele falava apenas por si mesmo de forma individual agora.
Jennifer o acompanhou, e juntos foram andando pelas praças da cidade cinza ganhando cada vez mais influência e revoltando as pessoas que ouviam suas palavras.
Após alguns meses centenas de pessoas possuíam cores, de tipos variados. O amarelo de Jennifer representava a sua coragem e doçura. O vermelho de Max mostrava a determinação e seu orgulho.
Houve então muita repercussão e alguns queriam que esses líderes revolucionários como eram chamados, fossem presos e exilados da sociedade. Mesmo com a repressão policial e de alguns defensores da vida cinza, as multidões apenas cresciam em quantidade e em variedade de cores. Muitos largaram a escola e decidiram procurar sua própria razão pra ver e entender as coisas ao seu redor. Max e Jennifer passaram a formar uma liderança para aquela cidade e partiram para outras localidades cinzas, onde cada vez mais e mais geravam um movimento de insatisfação e revolta no povo.
O Presidente daquele país cinza era conhecido apenas por sua voz, e em todas suas apresentações ele dizia: A vida é o que é. Ele ficou sabendo dessa revolta das cores e rapidamente solicitou a captura de Max e Jennifer, quando capturados foram questionados sobre quem era o iniciador do movimento Max logo assumiu toda a culpa, e executaram Jennifer em praça pública para a demonstração de poder absoluto cinza.
Apesar disso, a reação do povo foi a inversa da que eles esperavam. Cada vez mais pessoas pensavam de maneira única e individual, e entenderam que cada um pode ser o que quiser, pensar o que quiser e sempre ter o direito de liberdade de expressão.
Max foi levado ao prédio cinza central do país, onde foi colocado em uma cadeira em uma grande sala cinza, onde havia diversos arquivos nas paredes e laterais e no meio havia uma mesa e uma cadeira acolchoada e bem grande cinza de frente para a vista da capital.
-Por que você fez isso? – Questionou o homem
Max reconheceu que era a voz do presidente, e então se encheu de raiva.
Fiz pois queria minha liberdade! – Gritou de volta, e quando não foi respondido continuou – Você é um inútil! Qual o sentido de controlar todos para ter essa uniformidade e falta de individualidade? Por que você quer todas as pessoas iguais? Isso é ridículo!
-Não temos mais morte, nem guerras, nem conflitos, todos estão felizes dessa maneira. –
Respondeu friamente o presidente.
Eu não estou feliz! NEM UM POUCO! Se o preço da paz for a liberdade eu prefiro viver em um mundo caótico! Me diga por que você controla todos? Qual o sentido dessa transformação que continua por anos e anos?
Não fui eu que comecei, o presidente sempre foi uma voz. Mas todos tinham uma coisa em comum.
O presidente virou sua cadeira e então Max o viu.
Ele não era cinza como os outros. Era totalmente preto.
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